"Tenho um sonho recorrente onde me afogo em um mar de azul intenso.
Mas não estou me debatendo, lutando para viver.
Apenas estou ali, flutuando, sem respirar (sem precisar disso).
E me sinto leve, com o coração preenchido e tranqüilo e com a mente limpa, vazia.
Eu não penso, não tento entender.
Apenas sinto.
E o que sinto é paz (ou acho que é isso).
Pois estou feliz, mas não do jeito tolo de felicidade, aquela em que damos gargalhadas e a adrenalina é disparada pelo corpo todo.
Não. Minha felicidade é plena, sutil, suave e não depende de mim ou de alguém ou coisa qualquer.
Ela existe por si mesma.
E nada mais importa.
Estou serena, como raramente consigo estar acordada (viva).
Será assim a morte?
Um desprendimento de tudo e todos e de nós mesmos?
Tenho um leve sorriso no rosto.
Discreto, pois é só para mim ou nem isso, é só para a paz que sinto.
Eu realmente espero que seja assim a morte.
Um momento egoísta, que não é nem para mim.
Mas para a vida... que eu acredito deva estar sussurrando seus mais levianos segredos e mistérios em meus ouvidos."
Sandra