Alheia ao poder consciente da vontade
Pulsa a fonte interna da dor.
Ironicamente presente.
A fome inconsciente de dor,
A força motriz das mutações,
Da ruptura sangrenta do tédio.
Rolam as lembranças pela face
Daquilo que queríamos ser
Mas o livre-arbítrio nos impediu de alcançar.
Palpitam no peito palavras afáveis
Que insistiam em apunhalar pelas costas.
O arrepio frio do afago mais cruel -
O sarcástico sentimento de pena.
Felizes aqueles que experimentam o espasmo
Como a um copo de vinho
O seguram, analisam a consistência,
O cheiro doce antes do sabor forte e poético,
O degustam e se embriagam.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros