Quisera eu ser um poeta, para só
assim, levar capacidade, de me
transformar, num belo pássaro,
daqueles, que nunca se cansam,
planando por cima das ondas do
mar, quais flechas, lançando-se
às águas, buscando o novo peixe.
E entre o rebentamento das ondas,
desde o nascer do sol, até ao sol se
pôr, ali fazer minha vida, entre
rochas e espuma, qual fosse então um
cavalo, que em liberdade corresse, em
uma verdejante planície, escutando ao
longe, o som sumido, do abismo.
Não resistindo, ao apelo, do imenso
rio, entro cada vez mais, mar adentro,
desafiando temíveis ondas e ventos,
que, quase, me derrubam, do céu,
até ao azul profundo, mais abaixo,
que tudo sacode, à sua passagem,
causando enorme temor, só de ver.
Tal imperturbável, senda da natureza,
apesar de tudo – e nascido que fora,
para ser um albatroz –, era apenas a minha
vida e que eu havia escolhido, pela
pena do poeta, que, obra realizada,
partiu, para nunca mais, aquém mar,
ou além-mar, indo satisfazer fantasias.
Bem-dito, sejas, ó poeta! que acolhes,
dentro de ti, infindáveis mundos,
fazendo do banal, algo indescritível e
de imenso valor. Trazendo sonhos, a
quem há muito, já os perdeu, ante a
dura realidade, onde a tua imaginação
criadora, tem de ser cultivada, sempre.
Jorge Humberto
06/01/09