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DESILUSÃO À VIDA

 
“Hoje vou pela vida triste e langue.
Ai! Se eu soubesse nunca o transporia...
Vede este chão... é sangue! Sangue...”
(DA COSTA & SILVA. Sangue)

DESILUSÃO À VIDA
(Davys Sousa)

Está a cá, lasciva, a vida criando ao seu altar
O Alto da Noite e Santati para o ferido, o cego,
O Pescador de Ilusões vagando sem fado.
A Noite, talvez, fria, retrate seu perfil pernóstico.

A flor mórbida do vale derrama sob suas pálpebras
Rebentando o tédio à vida, enquanto ele tem
Visão de seu decrépito porvir: no chão
Alimentado pelo verme misantropo sem...
Sem a vida o dar esperança, apenas ofertando silêncio.

Eis o homem maldito! A vida – durável tortura.
Ele, encarando o cemitério dos vivos
E seus pensamentos que já são defuntos.
A cada pancada vivente, seu obituário
Está mais que certo: o vício ao livre-arbítrio
Dá-se ao truz do obtuso instrumento pondo ao suicídio.

Bebe, ele, por agonizante taça, sua cura,
Rezando a Lua Negra por suas dores infernais,
Por paz perpétua na sepultura
E indaga à Noite fria: “Que o hímen com que minh’alma
Se prende à carne langue e impura
Seja cortado e apagado pelos abismos do esquecimento.”



Davys Sousa
(Caine)

 
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caine
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