Há um grito surdo que vem com a noite
Que me impede de adormecer
Trazendo consigo um silêncio quente
Num eco mais profundo do Ser
Sai assim de mim lentamente
Num timbre difícil de distinguir
Numa fragilidade aparente
Desfigura-me interiormente
Sem que consiga atingir
Qual dor tão bela somente
Por sentir que está de mim a sair
Permito-me que parta e se liberte
Para que dela fique só o que aprendi
Tento guardar belos sorrisos
Amores, carinhos, gestos perdidos
Assim, rompo-me por dentro
De alguma amarra que ficou esquecida
Solto-a em bandos de pássaros negros
De face abruptamente destruída
Esvoaçam em voos estilhaçados
Percorrem e preenchem o espaço
Deslizam pela minha pele nua
Deixo-me vencer pelo cansaço
Deixo-me envolver em bocados
Quais pássaros amordaçados
Que me deixam a alma crua
Adormeço num sono profundo,
Que me entorpece o corpo, a alma,
Sangro sangue de onde não se vê,
Recolho-me… escondo-me…
Gelo por completo,
O que sou, o que fui, o que serei,
Neste momento apenas,
Adormeço… esqueço…
Blackbirds like small priests walked in the silent fields.
[ wilderaven @ lusopoemas ]
Nota: de novo a quatro mãos, num complexo tear de sentires e pensamentos cruzados. Um poema de libertação da Alma, de mágoas antigas, de dores e amarras.
Algumas coisas são indescritíveis ... esta é uma delas ... mais uma vez escrevemos os dois [ 7wingsangel e wilderaven ] e é realmente uma experiência fantástica e sempre diferente. Até em assuntos difíceis de abordar como este: um despedaçar interior de "fantasmas" e a sua libertação.
um sorriso envolto de pássaros
![Open in new window](javascript:CaricaFoto("http://pt.netlogstatic.com//p/oo/010/972//10972036.jpg");)
Mais textos
Rss do autor
Estatísticas
Enviar
Imprimir
Criar um pdf
