Aquela é a casa que quando criança eu brincava.
Não foram poucas às vezes que para as suas paredes
eu me punha a confessar,
meus segredos de menina,
meus suspiros e devaneios
que um dia senti a dor levar.
Esta é a janela que em noites estreladas
eu as olhava, fazendo planos para quando meu caminho fosse seguir.
Esta é a porta que agüentou as minhas fúrias
quando o fulgor da adolescência meus olhos ofuscou.
Olho para este lago que tanto me refrescava
quando no verão o calor do sol me fustigava.
E hoje após tantos anos, para esta casa eu retorno
com a face marcada pelas desventuras da vida.
Nos olhos trago a tristeza de uma existência corroída.
E hoje eu choro ao encontra-la assim tão vazia,
mas, também o que eu queria, pois, abandonei
aqueles que a preenchiam.
Ó casa quantas lembranças estão guardadas em ti
quantos risos, quantos choros, quanta saudade...
quero te dizer ó casa que o mundo deu voltas
para que eu reconhecesse a minha ignorância
pois, busquei um mundo que se empenhou em ver o meu fim
e agora sei que o meu mundo sempre esteve aqui
e vejo para o meu desespero que eles não esperaram por mim.