A tecelagem era um pavilhão enorme em rectângulo, os teares dispunham-se em filas de um lado ao outro no sentido do comprimento. Ao fundo do pavilhão tinha um pequeno escritório elevado num estrado rodeado de vidro, onde o mestre se plantava e tinha uma vista privilegiada sobre toda a secção. O mestre tecelão, homem baixo de bigode farfalhudo e barriga proeminente olhava atentamente o inicio dos trabalhos naquela manhã, gostava especialmente do verão, as mulheres com o calor do algodão despojavam-se de toda a roupa por baixo das batas incluindo até algumas os soutiens. O olhar de rapina que lançava não se preocupava com a produção, antes com espreitar as que mais se expunham ao seu olhar lúbrico. Entrou um dos encarregados no gabinete
- Sr. Almeida, o tear 16 está com problemas na alimentação do óleo – disse-lhe o Rui, encarregado do armazém.
- Quem é a operadora do tear? - Perguntou o Almeida
- É a Odete Sr. Almeida. - Disse o rui.
O Almeida ficou a ruminar, a Odete era um bom pedaço, pena que era muito calada, não dava confiança, mas quem sabe? Mandou o Rui parar o tear e chamar o mecânico para o arranjar, e dizer á Odete para ir para a secção de embalagem.
- Diz-lhe que eu já lá vou ter para lhe dizer o que tem a fazer – rematou.
Deixou passar cerca de 10 minutos, e saiu do pequeno gabinete, encaminhando-se para a secção de embalagem, a Odete já lá estava á espera de pé encostada a uma das mesas de recepção. O Almeida chamou-a para lhe dar as instruções da tarefa. Mostrou-lhe os acessórios de que teria de fazer uso enquanto deitava um olhar guloso ao decote levemente transpirado da Odete. Esta ao sentir o olhar queimar-lhe a intimidade ruboresceu a baixou os olhos.
- Estás a ouvir o que te estou a dizer? - Perguntou o Almeida.
- ‘Tou, mas preferia que não me olhasse assim Sr. Almeida. - Respondeu Odete.
- Caralho de gajas com a mania que são boas, andam com estes decotes e depois ficam fodidas por um gajo lhes olhar para as mamas – vociferou o Almeida – melhor farias em estar calada e ser obediente, ganhavas mais com isso Odete – disse num tom mais melífluo, encostando uma mão ao farto seio de Odete como quem não quer a coisa. Num acto de nojo e antecipando o movimento seguinte do Almeida, Odete dá-lhe uma sapatada na mão.
- O Sr. não me toque que eu digo ao meu “home”, ‘tá a ouvir? O Almeida desenhou um sorriso de escárnio, chegou-se a ela, agarrou-a pela cintura com a mão esquerda e com a direita agarrou-lhe as nádegas imprimindo força às ancas de encontro ao seu ventre. Acto contínuo e sem pensar a Odete desfere-lhe uma joelhada entre as pernas, fazendo-o largá-la e dobrar-se de dores.
- Sua puta, vais pagá-las, gemeu o Almeida entre dentes. - Mas Odete já não o ouvia, correu pela secção foi directa aos vestiários, arrancou a bata rasgando os botões, enfiou o vestido singelo, deu uma olhada ao vestiário em jeito de despedida, passou pelo relógio de ponto sem marcar o cartão, caminhou em passo de corrida pelo longo corredor entre pavilhões em direcção á saída e nem disse nada ao porteiro. Chegada cá fora, olhou o céu azul limpo, o sol brilhante lá no alto e jurou ali que nunca nenhum homem lhe poria mais as mãos sem que ela quisesse. A Odete só mais tarde entenderia a importância dessa jura na sua vida.