Meu passado ficou lá atrás, entre
escombros, alguns amigos, que
já partiram, num último abraço, de
triste despedida, quem sabe,
recordando a nossa já tão distante
infância, onde um dia fomos felizes, e,
tínhamos, todo um mundo, à nossa
inteira descoberta.
E fomos felizes sim! Correndo atrás
de uma bola ou construindo sofisticadas
cabanas, onde nada faltava, e, por ali
ficávamos, praticamente enquanto
decorria o dia e a noite descia, sobre
nossos aposentos, residencial de nossos
primeiros namoros e beijos roubados,
um tanto desajeitados, fazendo-nos rir.
Eram tempos sem maldade, mas, já aí,
estranhas pessoas, distantes a nosso
mundo, nos inquiriam, com ofertas,
que não compreendíamos, falando de
uma vida melhor, fartas riquezas e de
reconhecimento pessoal, por onde
quer que passássemos, pois se viéssemos
a aceitar, seriamos pouco menos, que reis.
Uns ficaram, enquanto, partindo, outros
não se contiveram, ante o tão almejado
reino prometido, que os iria fazer fugir, de
seus dias medíocres, abandonados ao
acaso, para depois, se juntarem todos,
não sobrando mais ninguém, para cuidar
das cabanas, que, ao vento e à chuva ruíram,
espalhando seus corpos vazios, pelo chão.
Então, recomeçamos, o nosso novo trabalho,
horas a fio, em varandas de prédios,
totalmente preenchidas de pessoas, e,
depressa, cada um de nós, se aperfeiçoou,
e, o que nos cabia, como pagamento,
depressa tirou toda a graça, que havia em nós,
e, o mais estranho, é que não voltamos a ver,
essa gente, que nos roubou a puberdade.
Jorge Humberto
04/01/09