A manhã ergue-se em arrepios, e numa invernal escuridão a chuva massaja a terra molhada sob folhas caídas e árvores despidas … são beijos de Outono. O vento gelado invade nossos templos, despe-os com a precisão de mil lâminas ansiando por carícias de fogo e grãos de café … são beijos de Outono. Mares de castanhos e cinzas, corpos pesados de malhas e gangas, semblantes carregados e enfadados … são beijos de Outono. Neste ninho de amor tudo são carícias e afectos, mudam-se os tons, as vontades, os caminhos e as estrelas, mas o sonho mantém-se. Oiçam, prados despidos e corpos enregelados entre oceanos de chuva e tectos de ferro são beijos … de Outono.