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Noite no túmulo

 
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Um rosa apenas descansa
Junto a mortalha devorada,
Terra cobre a boca do lobo,
Eu ergo o véu da ilusão
E o amor é o primeiro a falecer.

Cinzas repousam sobre meus olhos,
Nódoas e pus alternam-se insolentes no vazio,
Ígneos lamentos ecoam indistintos,
Dos lábios sem pele o derradeiro beijo soa sórdido
Tão frio quanto a lousa solitária.

Um rosa encerrou o ciclo,
Apenas uma aspiração completou os dias salpicados de sangue,
Acreditar é uma questão de sobreviver com o que sobra
Das ruínas estupradas em templos de memórias indesejadas.

O fluido gozo translúcido do anjo
Escorre profundo na ferida da criança,
O caixão vago desaparece na alucinação noturna
Ungido pela cria de Satan.

 
Autor
RaimundoSturaro
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/01/2009 18:49  Atualizado: 04/01/2009 18:49
 Re: Noite no túmulo
Adoravelmente sombriático, Raimundo!Imagens poéticas contundentes. Enlouqueci com:

"Acreditar é uma questão de sobreviver com o que sobra
Das ruínas estupradas em templos de memórias indesejadas."

Né que é mesmo?
Bjins, Betha.