Roi-me a vontade de dizer que tenho vontade.
Roi-me com vontade de me roer mais ainda,
Enquanto se omite num universo de “quereres”...
De todos aqueles que se aninham na iniquidade
Que indelevelmente, sem se revela e se guinda
Aos mastros polidos de falsos e retóricos dizeres.
Conversas de intenção, arrematadas com singular reticência.
Roi-me a vontade de desmentir tudo,
De poder fazer saber que oiço, que rotulo de insipiente,
Toda a dúzia e meia que tem achaques de pomposa sapiência
Como se de estupidez, o resto ficasse mudo...
Mudo mas preso a um chavão léxico-dependente.
Ai como me roi esta sede de fazer ver que tenho vontade,
De fazer saber ao que venho neste enredo falho de lealdade!
Diria, se pudesse ser ouvido, que me roi o vento
Porque, agarrado a ele, me vai o pensamento.
Diria, se pudesse ser ouvido, que me roi o sentimento
Porque, agarrado a ele, me fica toda a verdade que tento.
Diria, se pudesse ser ouvido, que me roi a morte
Porque, agarrada a ela, me fica a voz mais forte.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.