Gosto da época de Natal. Talvez porque na minha família sempre promovemos o espírito natalício. Sempre nos juntamos todos para passar a noite de Natal e tentamos sempre que o Pai Natal se junte a nós para distribuir as prendas aos mais pequenos. As filhoses são feitas em casa, uma faz a massa, a outra estende e haverá quem as vai fritar. Uns querem mais finas, outros querem mais grossas. Azevia de grão, estendidas... Depois, à hora de jantar, há o bacalhau, ao qual se juntam as caras e as línguas, umas couves, mais a batata e os ovos. Misturam-se umas gargalhadas e há a lembrança dos que passavam o Natal connosco mas que, fisicamente, já lá não estão. Não nos juntamos por obrigação. Juntamo-nos no Natal da mesma forma que nos juntamos em vários dias do ano, porque gostamos de estar juntos, porque, para nós, e apesar das discussões que, de vez em quando aparecem, a família é muito importante. Mais que as prendas, é o estar em família que me faz gostar tanto do Natal. Gosto de chegar ao fim da noite a cheirar a filhoses fritas e com as mãos enrugadas de tanta loiça lavar, porque a máquina não dá vazão a tanta loiça. Na noite de Natal somos 19 pessoas à mesa (e às vezes mais). O meu avô Manuel, a avó Inês e o avô Vasco também lá estão porque nos lembramos sempre deles. Este ano faltou-nos a avô Alcide porque estava (e está) no hospital, mas também foi lembrada.
Antes da meia-noite, o pai natal faz a sua visita. Distribui as prendas por miúdos e graúdos. Faz parte da nossa tradição familiar que um dos adultos adormeça num quarto, sem que os outros se apercebam, para que o Pai Natal possa aparecer. A alegria instala-se enquanto se abrem os presentes. Não interessa a quantidade nem a qualidade de presentes, interessa estarmos juntos.
No dia de Natal é a vez de rumarmos a Elvas. Também lá somos uns quantos. Já fomos 20, mas infelizmente o pai André também só está presente na nossa lembrança. Também em Elvas estamos todos juntos porque gostamos. Fazemos almoços em família com a frequência que a distância permite.
Gosto do Natal sim.