Era uma menina pobre como todos os meninos daquela aldeia do Nordeste Transmontano. Não pedia bonecas porque ela própria as fazia de trapos. Para dizer a verdade não conhecia outras!...Era feliz com as riquezas que tinha, aquela menina,
Na sua aldeia não havia Pai Natal, nem publicidade, nem prendas, nem correrias!...
Havia solidariedade, amor, fraternidade. Havia um Menino Jesus pequenino, aquele que beijava na Missa do Galo. Era esse Menino que lhe deixava no sapatinho, junto à lareira, o saquinho com figos secos, amêndoas, rebuçados e às vezes, uma moeda de dez ou vinte e cinco tostões.
Como é possível que aquele Menino desça a todas as lareiras, sem se sujar na fuligem das paredes? Como é possível que aquele Menino, quase despido, não morra de frio?
Adormeceu e sonhou com aquele Menino que tinha beijado na Missa do Galo. Correram juntos pelos telhados à procura duma telha partida por onde pudessem descer até ao sapatinho de todos os meninos.
Acordou cedo no dia de Natal e correu até o sapatinho. Estava vazio!
Desiludida e achando que o Menino já não gostava dela, uma lágrima deslizou-lhe na sua face rosada. Reflectindo, depressa percebeu que o Menino se tinha atrasado porque tinham nascido mais meninos naquela aldeia!
Instantes depois, como que por magia, lá estava o saquinho com figos secos, amêndoas, rebuçados e uma moeda de vinte e cinco tostões!...
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Quisera eu ser poeta
Quisera eu ser pintor
Escrever telas e pintar poemas
Escrever, pintar, pintar,escrever
A humanidade com muita cor