um dia hei-de escrever
um poema perfeito
na inquestionabilidade matura dum raio de sol a dilacerar o baixo ventre de uma mulher
qual adaga perfurante na indiferença da mente
humana
acobardada.
dar-lhe-ei a forma
de um rastilho de pólvora acesa nas pedreiras a norte
de um estilhaço
de um chumbo perdido
de um choro
de um grito (primeiro grito)
de um gemido incontido,
livre, livre e solto
em prazer libidinoso de (te)ser metáfora ínvia,
roçagar silencioso de pernas
de penas
e de asas, inquebráveis asas, no índigo céu.
um dia
hei-de redigir em minúcia, com um aparo de luz ,
uma epistola sagrada
uma concordata laica
em que a pele da verbo seja tão só e apenas tinta indelével,
mescla titânica, composto de suor e sal,
irmanado na radical imunológica dos sentidos:
- linfa axiomática
sangue murmurante
em medula sub-reptícia, em membrana pélvica de palavra …
um dia hei-de
ecrever(te) um poema perfeito
do meu corpo colado no contraforte lateral esquerdo de teu peito
da minha boca
carmim
em tua boca
e nós pulsantes no mistério da descoberta dos longitudinais caminhos da água.
***
FELIZ 2009 A TODOS.
MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA