Reencontro
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim!
Mário de Sá-Carneiro
Há tempos a saudade me persegue,
esta estranha saudade de mim mesmo.
Hoje veio estreitar-me contra o peito,
como quem encontrou um velho amigo.
E abraçados nós dois, eu e a saudade,
enquanto ela explodia em gargalhadas
e me apertava cada vez mais forte,
só eu chorava sem saber por quê.
Depois, ela seguiu o seu caminho
até sumir na linha do horizonte,
sem me dizer adeus e sem voltar-se,
ignorando-me assim com tal desdém
que me deixou no peito este desejo
de mandar tudo às favas, e segui-la.
Paulo Monteiro
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos