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Guardião

 
Repousa o teu corpo
no vício dos passos,
sossega o sangue nervoso
dessa existência fértil de medos, breus
e acalenta na ideia voraz do rosto
a fugaz primavera de um sonho lindo
que vento algum desalinha
venha a tormenta que venha
dos quatro céus endiabrados...
Dorme.
Penteia o sono com os dedos
ainda húmidos de amores degolados,
livres de enganos e enganados,
num atlântico de esguios beijos suados.
Dorme! Sem alvoroço,
no topo do burgo...
Lá fora o mundo regateia sombras distantes
num desacato de dores lúbricas, anónimas
enquanto no tecto da vida
as verdades são sombras sumptuosas,
nubladas de inquietações,
sinistras nocturnas,
no zelo das ocasiões... tropelias.
Dorme. Nada temas do doravante,
pousa o pensamento exausto de fugir,
não sabe de quê, despojado...
não sabe para onde, sonâmbulo...
como tudo na vida.
Dorme.
Hoje eu sou pastor e cão de caça
pelas eiras muradas da intranquilidade
onde só os lobos dormem
seja qual for a hora e o desejo!
 
Autor
José António Antunes
 
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Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 30/12/2008 20:25  Atualizado: 30/12/2008 20:25
Membro de honra
Usuário desde: 09/05/2008
Localidade: Carregado-Alenquer
Mensagens: 11255
 Re: Guardião
Repouso o sono
no teu colo em sossego,
desejo infinito de te amar...
Será hoje e sempre
o meu pastor...

Excelente poema com muitas metaforas num bom ritmo poético

Beijos com amor

Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 30/12/2008 21:19  Atualizado: 30/12/2008 21:19
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Guardião
Riquíssimo o conteúdo,
ao qual deste uma beleza
poética muito singular!
Adorei!

Amora