Ao som de harpas celestiais, comendo
ambrósia, e, de leite fresco, saciando
minha sede, no cimo de uma montanha
sagrada, com rios de mel, correndo
livremente, entre jardins suspensos,
onde vagueiam, sem pressa, miles
de animais, neste pedaço de rocha,
paradisíaca, juntas-te a mim,
sempre de sorriso, nos lábios cereja,
e, eu abro espaço, para que tu, minha
deusa, ocupes o teu lugar, só a ti destinado.
Chegas formosa, pés descalços, na erva
rasteira, soltando teus cabelos, à altura
da cintura, enfeitada, de lenço escarlate.
E, penteias-te demoradamente, com
um certo prazer, que, alindando, vai,
teu belo rosto ancestral mas sempre jovem.
Gozando tudo, a que temos direito,
nesta pequena redoma, para onde nos
lançaram, descanso não há, pois que, a todo
o instante, centenas de crianças, vêm-se
prostrar, a nossos pés, pedindo, a seu
gosto, que lhes contemos histórias, atrás
de histórias, sobretudo aquelas, em que
é retratado, o fim do Mundo e do Homem.
Para não mentirmos, às crianças,
levámo-las, descendo pelo arco-íris, até ao
que um dia, se chamou, de Planeta Terra,
para que, com seus próprios olhos, pudessem
ver, toda a destruição, que ali reinou e imperou,
século após século, até ao assassinato, de tudo,
o que um dia respirou e teve descendência,
consagração final, do que conhecíamos por vida.
Impressionadas, com a devastação, de toda a
vida humana e animal, plantas petrificadas, no
chão ressequido e árvores, mais os sulcos, por
onde um dia, correram rios e mares, a falta de
oxigénio e os prédios, em absoluta degradação,
fê-las querer regressar, e, ganhando asas,
no dorso, voltamos todos, à Terra dos justos.
Jorge Humberto
28/12/08