O encontro estava marcado. Os olhares descobrem-se ao abrir da porta. Uma mão procura o seu par, puxando-o a si. Tocam-se os lábios com ternura. Desnecessárias, não soam palavras, e a luz é quebrada, mas vibrante. São dois leves sorrisos a flutuar, expressões de prazer esperado, finalmente concretizado. Sem segredos, os corpos sentam-se no sofá, soltos, unidos, como a prolongar ao extremo o contacto, estendendo no tempo esse conforto, conferindo-lhe a eternidade. Suaves afagos de amor dão cor à pele rosada. Um dedo, uma unha que desliza, leves e lentos. A pele eriça-se. A sensibilidade também. Há como que uma fusão, intimidade a diluir-se em harmonia. Passam-se séculos, apenas trespassados por gargalhadas. Ao despertar do sonho, a despedida, sem separação.
Boa semana!
Garrido Carvalho
Dezembro '08