Por tudo,
O que sendo para mim,
Não foste p’ra ti
Pelas muitas noites
Acordada,
Sofrida,
Esperando por mim,
Altas horas
Da madrugada
Pelas lágrimas,
Que então eu te causei,
Porque,
Sendo teu filho,
De o ser olvidei
Pelo grito de teu parto,
As dores nas coxas,
O suor que te escorreu,
Dum súbito medo,
Que foi só teu
Pelo pão
Que, de ti tirando,
Deste-me a comer
E voltarias a fazer,
Que eu bem sei
Pelos sorrisos,
Que ficaram por sorrir
Pelas esperanças,
Que não tiveram nunca parir,
Porque o meu sonho
Era além
Por tudo
O que à tua vida roubei,
Atenção devida,
Cuidados a ter
Pelo outro filho,
Que te não dei
Por tudo isto,
E por isto também,
E o mais que mereces,
Escuta-me,
Minha mãe,
Ainda assim,
Eu sei,
Que te enterneces,
Por veres
Ao teu filho,
Chegar o bem,
Do bem
Que tu lhe deste.
Jorge Humberto
(08/03/2004)