Hoje é dia de me lembrar, hora de repôr água nos vasos,
minuto de inventar a claridade
nasci, sem anunciação, em simultâneo com o rebantamento
das cordas vocais
Filho com nome de pai
de um corpo esculpido com ataques de nervos
fez de mim o relâmpago apontado para dentro
De criança até homem a pele enrouquece
O poema cresce em torno de uma roseira
E caminha-se pelos meses sem entender
por que cresce o poema em torno de uma roseira
Hoje, faço vinte e sete anos-luz de memória
Propus-me escrever estas palavras
Para que de mim haja retrato, um sémen que dê para derivar
Com uma mão na mesa e outra no queixo
Aguardo o meu próximo nascimento e mais sei lá o quê