Confortada pela voz do Rufus Wainwright, relembro as ruas estreitas onde nos perdemos tantas e tantas vezes, nas tentativas contínuas de me encontrar.
No teu olhar ou através do teu toque. Suave. Sabedor. Experiente. Catedrático.
E eu, na aprendizagem que jamais esqueci, regresso às cores, aos sabores e aos odores de uma Praga envelhecida e sempre renovada. Em vielas e monumentos. Em quartos de hotel com cheiro a mofo. Em noites de Praga que guardo na memória.
Inesquecíveis, por mais que quisesse esquecê-las.
Pelo vazio que ficou. Quando decidi partir.
Estranho. Ter ficado vazia de ti, mesmo tendo sido eu que parti.
E ao rever-te, nesse olhar penetrante e intemporal, não posso negar que o meu coração acelerou...Porque razão?
O teu olhar, esse olhar que me penetra até à alma, que me desvenda os segredos, mesmo os que guardo de mim. Como podes ainda manter esse olhar hipnótico, que me seduzia, ao qual me abandonava? O teu olhar onde me perdia e reencontrava, simples esvoaçar de borboleta, fugaz o toque, as palavras que permaneceram na minha boca, assim o decalque do teu corpo em mim, os sabores e a ausência…A minha.
De ti e de mim mesma.
Sempre em fuga, dizias.
Luna
(continua)