É um ponto no escuro,
No escuro dessa cidade
Conhecido do mastigar duro
Quando se chega a essa necessidade.
Pois, quando o estômago pede
A razão deixa de obedecer
E o ser humano cede.
Deixando de humano ser
Passando a ser mais um bicho
Sobrevivendo com o lixo.
É um eco nas ruas desertas,
Nas ruas desertas que são
Nada mais que seguranças incertas
Quando do vazio salta a agressão.
Os jornais de dias passados
São a sobrevivência em dias que virão
E as roupas e sonhos degradados
São vestígios de dias que irão.
É todas as experiências
Mas intrinsecamente não é nada
Como resultado das circunstâncias
Que o levaram a ser uma vida abandonada.
E interrogo-me quantas vezes se interrogou
Quantas vezes as pessoas que esbarraram nele
Se interrogaram: Porquê Deus os conjugou?
São obstáculos ao espaço vestidos de pele.
Mas mentem, eles são as borras de café
Um presságio do falho na estrutura da ascensão
Sem-abrigos, navegadores em fé
Que o próximo seja alma de compreensão.