O poeta chorava o poeta buscava-se todo o poeta andava de pensão em pensão comia mal tinha diarreias extenuantes nelas buscava Uma estrela talvez a salvação? O poeta era sinceríssimo honesto total raras vezes tomava o eléctrico em podendo voltava não podendo ver-se-ia tudo mais ou menos a cair de vergonha mais ou menos como os ladrões
E agora o poeta começou por rir rir de vós ó manutensores da afanosa ordem capitalista comprou jornais foi para casa leu tudo quando chegou à página dos anúncios o poeta teve um vómito que lhe estragou as únicas que ainda tinha e pôs-se a rir do logro é um tanto sinistro mas é inevitável é um bem é uma dádiva
Tirai-lhe agora os poemas que ele próprio despreza negai-lhe o amor que ele mesmo abandona caçai-o entre a multidão crucificai-o de novo mas com mais requinte. Subsistirá. É pior do que isso. Prendei-o. Viverá de tal forma que as próprias grades farão causa com ele. E matá-lo não é solução. O poeta O Poeta O POETA DESTROI-VOS
Podia assinar por baixo... só não consigo sorrir... Não tenho essa capacidade superior que Tu tens de sorrir mesmo diante das adversidades. És único e eu admiro-Te muito