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SALVAS PELA TEIA?

 
Edmaris Rockfeller... Linda, garota de fino trato; educação inglesa... Uma patricinha – garota mimada - cheia da grana; filha de ateus, consequentemente, atéia.

Eu, judia. Filha de judeus convertidos ao cristianismo protestante. De família rica – entendia-se o porquê, de Edmaris, apesar de arrogante, está sempre entre nós –, porém, algo, intrigava a quem presenciava a nossa amizade: a impressionante diferença de crença religiosa.

O nome de Deus, sempre esteve bem presente na minha família. Quando eu falava Dele para Edy... Ela dizia: Ele não existe! Meus pais dizem sempre isso: “O homem passou por uma evolução, através do tempo”. Tudo isto é confirmado cientificamente, Jader. Não é como você diz! Não foi Deus que o criou não!

Estes eram os poucos momentos em que brigávamos, discutíamos... Porém, aos 12 e 13 anos de idade, esquecíamos e, logo, fazíamos as pazes.
Era o propósito de Deus nos unir, para que Ele trabalhasse na fé de Edy, através da nossa amizade.

Certo dia, eu estava em oração... E, ao término, ela perguntou: Como você pode crer, tão ardentemente, em um Deus que, você não vê?
– Olhei para ela com bastante calma, e lhe respondi perguntando: - Você ver o vento?
– Não!
– Crer que ele existe?
– Claro! Eu o sinto, Jader.
–Sabe Edy... O homem tem de Deus, o que crer!
Quem disse que eu não sinto Deus? Que todos quantos Nele crêm não o sentem? Ele é vivo! Deus cuida e responde aos seus filhos.
– O meu pai... diz que vocês são loucos e, que não entende como é que vocês crêem em céu e inferno. Como é que o céu e o inferno suportam tanta gente, desde o início do mundo?
– Sabe o que acontece Edy? Seus pais vêem, com olhos materiais... Esquecendo que não é a matéria que vai para o céu, ou, para o hades. E, sim... o espírito. E, espírito não tem volume, não pesa!

– Eu gostaria de crer como vocês... Gostaria de ter uma resposta de Deus... Se é que Ele existe da forma que você diz! Então, eu creria.
– Está bem! Ele está a nos ouvir, bem sei! E irá te responder.

Passou um bom tempo. Chegou o período de férias e a nossa escola, foi acampar. O lugar era muito lindo... Havia muitas cachoeiras; um riacho lindíssimo, e, cavernas esplendorosas, em meio a uma mata vasta - Um verde de tirar o fôlego!
Saímos naquela manhã com um grupo, rumo às grutas e cachoeiras. Quantas flores do campo... Um lindo tapete delas surgiu a nossa frente.
Uau! Que lindo!
A adrenalina fez a euforia crescer em nós, ficamos pasmas com tamanha beleza. Corríamos pela mata para ver a beleza incessante... Infindável, inarrável! Não percebemos que o grupo se afastou, e, nós estávamos muito distantes, já não sabíamos como chegar a eles.
Gritamos, choramos... Nada! Ninguém nos ouvia. Continuamos a andar, correr, desesperadas com a idéia, de que estávamos sozinhas.
Cansadas... paramos e sentamos. Comecei a lembrar, que Deus estava bem presente, e, que Ele nos guardaria de todo o mal.
Acalmei-me. Edy chorava baixinho, soluçava, peguei-lhe as mãos e disse: - Lembra do meu Deus?
Ela olhou-me com seus lindos olhos azuis e respondeu: - Sim!
– Pois bem! Ele é muito maior do que todos os exércitos do mundo! Não estamos sós! Ele vai nos tirar dessa!

Ouvimos longe, muito longe, cachorros de caça a latir.
- Que bom! Vamos até eles - disse Edy!
E me puxou pela mão com força, para que eu me levantasse e a seguisse. Quando lá chegamos, dois homens com aparência de maus, nos olharam e sorriram.
– Que presente do céu!
–Uma semana na mata, e agora... Vamos à diversão!

Meu Deeus! Gritei! Coorre Edy!
Ainda ouvi um dos homens dizer: Solta os cachorros!

– Não! Deixa amarrados, elas não irão muito longe!
Corríamos como se tivéssemos asas nos pés. Não sentíamos os galhos das árvores que batendo em nós, abriam a nossa pele; os espinhos, as toras de madeiras caídas ao chão... pulávamos todas, como se estivéssemos em uma maratona.
O fôlego não nos faltava. Eu a frente, guiando a Edy.

Distanciamos-nos muitíssimo deles. De repente, em meio à desembalada carreira, despencamos barranco a baixo... Deus estava despistando os homens. Um deles era gordo, não corria como nós, e o outro mais ágil, dizia: - Deveríamos ter trazido os cães!

Não tínhamos idéia de onde estávamos... Só, que apesar do dia claro, a mata parecia noite... Pouca era a claridade aqui e acolá.
Vimos uma brecha entre as pedras... Entramos. Era uma caverna. Lá ficamos quietas, eu orava todo o tempo! E dizia: - Não chore Edy! Pode ser que eles estejam por perto e poderão ouvir. Isto fazia com que Edy calasse.

De repente, ouvimos longe... Muito longe os cachorros latirem.

– Deus! Meu Deus... eles foram pegar os cachorros! E agora? Vão nos farejar!
Coloquei-me de joelhos. Comecei a chorar em fervorosa oração... De olhos fechados, não sei por quanto tempo, a cada vez que os latidos ficavam mais próximos, mais eu apertava os olhos, esqueci até de Edy, não lhe ouvia a voz, sequer lhe olhava.
Os cachorros tinham passado pela estreita brecha de pedra que, servia de corredor para a entrada da caverna. Agora... frente a caverna, estavam parados a latir fortemente, esperando os seus donos chegarem. Não tínhamos como escapar, só Deus! O Deus invisível, que Edy pediu uma prova de sua existência, para que ela pudesse crer!
Finalmente... Os homens chegaram. E o homem gordo, disse: -Estão escondidas nas pedras, não posso passar!
- Pegue-as!

Apesar da minha fé... Eu tremia! E continuava de olhos fechados orando, eu não queria vê-los!
Foi quando ouvimos o outro homem dizer: - Não estão aqui! Estes cachorros estão loucos, perderam o faro! A caverna está coberta por uma grande teia de aranha... Se elas estivessem aí... não haveria teias!
– Onde se meteram as coelhinhas?
Um reclamava com o outro dizendo: - Foi sua culpa! Você me fez voltar para pegar esses cães idiotas!
– Foi você, com esse barrigão...

Abri os olhos e lá estava Edy... Ajoelhada e em lágrimas silenciosas, orando e agradecendo a Deus!
– Jader... Deus existe!

Abraçadas saímos para ver o milagre de Deus: Uma enorme teia de aranha fechava toda a entrada da caverna, e lá estava ela... Continuando a construir a sua grande obra para a glória de Deus!

O grupo que nos procurava logo fez-se ouvir; os nossos colegas chamavam por nossos nomes; batiam nas latas para que ouvíssemos.
Seguimos os sons... Estávamos salvas!

EstherRogessi
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Quando descobri o que sou para Deus a opinião da oposição, a meu respeito perdeu o efeito; quando me conscientizei do que Deus é para mim dispensei intermediários.

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Esther
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