Na estrada eu vou
Azul é o tapete e o céu
Ninguém me pará
Todos me ultrapassam
Sinto as cores e os cheiros
Que me golpeiam como beijos
As terras ao lado sofrem
Por serem vistas e não pisadas
Corvos abutres
Esperam a sorte
Esperam a morte
O tráfego em nós se desdobra
Em filas se afunila
Até os barcos vorazes me alcançam
Me acompanham e me fogem
Em rotundas manhosas erro o destino certo
Tantas vezes pretendido e atingido
O sol levantou-se e já caiu
E eu ando
Vivo andando
Sempre em frente
Sempre depressa
Sempre em dúvida