Vislumbres raros, de alguns pássaros,
escondidos no mais alto das árvores,
deixam-me angustiado, pela escassez
de seu canto, enquanto, cada vez mais,
tento pensar, que apenas cumprem
vontade, conferida pela mãe natureza.
Mas outras coisas me perturbam, ante
o caminho, por mim escolhido, é que,
se bem as busque, não encontro plantas,
verdejando ao sol da manhã, senão
galhos secos e folhas em decomposição ,
território vivo, de vários tipos de vermes.
Temendo répteis venenosos, desvio meu
caminho e subo, para cima de umas tantas
rochas, até que escuto ao longe, leve ruído
de águas, e, decido-me, ir ao seu encontro,
deparando-me com um pequeno riacho,
cheiinho de algas, rãs e de água estagnada.
Seu cheiro nauseabundo, afasta-me de ali
e comprometo-me, a escalar um monte,
que se eleva à minha frente, com promessas
de riquezas, onde me espera uma planície,
com campos de papoilas e de malmequeres,
fazendo-me acordar de vez, deste pesadelo.
Eis só pedra atrás de pedra, e, as árvores caídas,
falam-me da ignorância do Homem, quando,
por ali mesmo, deixaram-nas, apenas por pura
fartura, dos mestres madeireiros, devastando
áreas imensas de floresta, sem que, com isso,
venham a perder seu sono, alta venha a noite.
Os poucos animais, vendo gradualmente, seu
território desaparecer, vão-se tornando menos
amistosos, e, não raras as vezes, há ataques
contínuos, entre estes (defendendo-se) e o vil
Homem. E, ai, quantos inocentes, não morrem,
de ambos lados, sabendo todos de quem a culpa.
Aqui e ali, enfrentando todas as agruras, rosas e
outras flores, recolhem-se entre pedras, ao acaso,
tentando preservar-se, da espada, que paira
sobre seus frágeis corpos, e, em sinal de respeito,
desenho várias, memória viva e bem perpetuada,
que trago para casa, beleza possível de aí se tocar.
Jorge Humberto
16/12/08