Prisioneira do tempo
Parece que o tempo parou só para mim
Cá dentro.
Porque lá fora só chove, faz frio, geada.
Mas cá dentro,
Mesmo de madrugada com aquecedor ligado,
Tudo parece parado..
Ouço as badaladas de um relógio com cuco,
já não me assusta, só canta
as portas não se mexem, não há som
não há rangido…
Parece que o tempo parou para mim
Cá dentro..
Olho paredes recheadas de quadros, pintados
Desenhados por mim, são imagens paradas no tempo.
Cá dentro.
Pois lá fora o tempo não para, as pessoas são diversas
pequeninas as vejo daqui…
grandes são as nuvens carregadas,
grandioso o Sol que nasce.
Lá fora tudo acontece.
Cá dentro nada se parece
Nada quase se mexe, só o ponteiro do relógio de sala.
Fico horas a olhar a janela mais alta deste prédio,
Nem consigo entender os sons diferentes de cada um.
Apenas percebo alguns gestos meio apressados,
É como digo, o tempo parece parado
Para mim.
Iolanda Neiva
(muitas vezes falo só para mim,
e escrevo para que alguém me ouça)