Mas que grande bailado
Que vai neste jardim:
Está o vento endiabrado
E canta só para mim.
São as árvores que dançam
Alucinadas num frenesim,
Parece que se preparam
Para começar um motim.
São os melros encolhidos
Que se estão a lamentar,
Eles não foram escolhidos
Por não saberem dançar.
Sou eu que me aperto
E vou passando devagar,
Trago o sentimento atento
E o gosto de me demorar.
São os casais de namorados
Que ali estão se beijando,
Em abraços longos e apertados
De quem gosta de viver amando.
São as crianças, ora a correr,
Ora deitadas, ora brincando.
Vê-se no rosto o prazer
Com que andam delirando.
Eis os bailados amenos
Que acontecem no outono.
Não faço a coisa por menos,
Vou dançar até ter sono.
NR