Era dia de Natal
E a fidalguia afinal
Que também tem coração...
Convidou para jantar
Dois pobrezinhos sem lar
Mas com prévia condição:
A tosquia no barbeiro
Depois de banho ribeiro
Com muita espuma e sabão,
E um fatinho domingueiro
Sem remendos no traseiro
Para tal ocasião...
Eterna sabedoria
No pobre que desconfia
Do repasto divinal...
A grandeza da esmola
Na vida de dura escola
É um bem que cheira mal!
Comer para todo o ano
Só num dia, é puro engano
Mesmo em tempo de Natal...
E os pobres na cozinha
Receberam de prendinha
A puta d’um avental!