Os olhos pesados e a expressão patética duma noite bem dormida.
Um rosto amigo que nos recebe com um sorriso.
O frio lá fora e os lençóis agarram-me com mãos quentes e sedosas.
A musica sempre a tocar solene e silente. Apenas para quem quer.
Água gelada que me revive... Sinto as idéias voltarem a mim.
Tão doce e morno, o vazio.
Tão fresca e inesperada, a vida a cada volta.
Só vejo o tempo passar quando olho para fora de mim.
Quase como que ainda sonhando vejo-me claramente no que me rodeia.
Deslumbrado constato que as minhas vitórias nunca me pertenceram.
Aceitando que a felicidade só acontece fora de nós busco o equilíbrio necessário para a encontrar.
Tropeçando tantas vezes em mim mesmo que me levo á inacção só para poder tropeçar menos num futuro que só espera que eu apareça.
Os sorrisos do mundo são os meus sorrisos, as minhas lágrimas são de um qualquer deus.
Enquanto guardo imagens para a posteridade sei que a linha da Vida jamais poderá ser interrompida.
Sorrindo perante as lágrimas que garantem essa continuidade sei que um dia assim deve estar certo.
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.