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Duplo

 
Há profundos momentos em nossa vida
momentos, estes, tocáveis n’alma
círculos fecham-se, formas giram
num caleidoscópio vívido de correção do passado.

Quem me dera não houvesse estado
Naquelas visões impassíveis de calma
Sentado na janela olhando a lua
Cheia, vendo-me alma.

Queria ilustrar sentimentos possíveis
Desenhar em palavras versos proféticos
de felicidade e rubor, numa face faceira
num sorriso límpido de amizade verdadeira.

Queria separar o joio do trigo
Ser estepe guardado e esquecido
mas fechar-me-ia solitário, tão quanto
perdido.

Nessa bifurcação da vida há outra oportunidade
de seguir caminhos diferentes, estados
fechar ciclos passados, esquecendo o futuro
recebendo de bom grado, este presente.

Queria dizer-te não, são, cabeça
Queria dizer-te sim, não, coração.
Sou eu, dois, em um, num .
Agora sorriso, depois lágrimas.

Distinto, cíclico, duplo.
Duplo sozinho, numa conta imperfeita
Onde você fez-se perfeita.
Somar, dividir, não é conta que se dê conta.

Não sei não querer
Não sei não saber quando sei
Não sei esconder quando quero revelar
O que fazer? Só há o tempo a passar.





Oh ego Laevus!

 
Autor
Raul de Oliveira
 
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