Prosas Poéticas : 

Passeio Astral

 
Passeio Astral
 
Ela passeava serena no refúgio do seu ser. Levava no coração uma flor de sonho que perfumava as veredas do seu caminhar. O Tempo não marcava as horas, os instantes eram de uma brandura celeste... não havia noite, nem dia... O Sol coexistia com a Lua, numa magia profunda e indescritivelmente bela! Parapeito astral onde ela debruçava o olhar para o infinito querendo entender a música sideral das estrelas que entoava, qual violino sagrado das esferas intangíveis.


Estranhamente, ela não conseguia calar a voz das reminiscências que a abraçava no silêncio do seu pensar. Estaria ela mesmo a pensar? A sonhar? Ou seria um sonho real que deslizava no seu caminho? Seriam uma utopia, os seres com asas rutilantes que esvoaçavam no seu horizonte? Como explicar os murmúrios lunares, as brisas do Sol que lhe afagavam a essência?

Viam-se nos seus olhos cintilações coloridas de um passado, as mágoas de um presente... um misto de prazer e sofrimento. Sentia-se uma pluma a voar nos corredores de um Tempo que poisara agora ali... O vazio era plenitude, já não havia melancolia. Florescia ternura em cada toque das suas mãos... as brisas eram carícias que outrora ela procurava nos seus versos amarfanhados pela Razão... Desconhecia os abismos, percebia os segredos do vento... flutuava em nuvens macias de uma Primavera anunciada. Jardins suspensos de diamantes, pétalas desenhadas de arco-íris, oásis deslumbrantes que lhe beijavam a alma e a faziam rodopiar como uma bailarina.

Quanta beleza emanava do seu olhar... não podia...não queria adormecer!
Pudesse ela acordar com um sorriso de seda branca, aninhar-se para sempre naquela almofada azul de sonhos e percorrer a linha alva do infinito.
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Fanny
 
Autor
Fanny
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