Cantam pássaros na minha alma...
...oiço as suas vozes de sol cantarolando sonhos e fantasia, num rodopio incessante, que me prende num voo azul de ternura. As brisas do alvorecer arredam as cortinas da madrugada, risca-se o céu com tonalidades de arco-íris, moldura do coração que apazigua o sentimento.
Hoje não caminho por estradas de pensamentos dúbios, hoje decifro o olhar do dia e percebo as nuvens que se abrigam no coração. O silêncio chama-me no intervalo das canções, como uma carícia de vento que me empurra para um paraíso sem nome, bosque encantado de carícias e poemas que murmuram segredos selados no envelope do Tempo. Neste lugar edénico, perco as horas, aconchego-me na solidão dos sentidos, não sinto o corpo... não há cansaço, não há sede, não há tempo...
Apenas a plenitude do ser, orgasmo do sentir...
Embalo-me na música que nasce de mim... descubro nela vozes, violinos e harpas de outras vidas, sussurros de brisas celestes... que adormecem os sentidos num profundo desvelo.
Acordo e vejo a noite... não sei quanto tempo passou... as cores tornaram-se nebulosas, o crepúsculo abandonou a tela colorida dos sonhos... mas, nas minhas mãos, guardo ainda o sol que eu sonhei e os olhos sorriem cheios de estrelas.
Fanny