Percorres um estranho caminho
O caminho que milhares percorrem
Mas - lado a lado – vais só.
Vai só,
O homem das palavras que não morrem…
Lá vai ele,
È o homem que é pateta
Finge que é tudo,
Mas nada ele é!
O fingido poeta…
Porque finges ser o que não és?
Sombra na parede do beco morto
De olhar dolente e torto
Observas o mundo sob teus pés
Entre disparos e balas
Palavras e vidas cruzadas
Caminha o homem de mãos dadas
A morte leva-o para o adeus ao mundo
Para a terra do nunca,
Para o adeus profundo…
Caminhando para a terra do nunca
Desiste de viver
Vives na sombra de ti próprio
Fingindo, a bem fingir,
Definiste-te num eu sóbrio…
Escreves dentro dessa tua caixinha,
Nesse teu orbe fingido
Escreve, escreve, escreve!
Rasga esses teus papelinhos
Enche esse teu triste lugar
Escasseia-se o falso ar
E vais lentamente morrendo…
Morrendo, morrendo, morrendo…
Fecha esses teus olhos
Dorme em paz
Cuidarei de ti, amor…
Aqui, bem ao teu lado.
Irás comigo!
Para terra de ninguém
Onde morreras,
Junto de ninguém!...