A solidão mora comigo! Ela acompanha-me nesta peregrinação exânime. Uma solidão infinita que me prende fatalmente num labirinto existencial.
Povoo-me de reminiscências, mas pressinto que afinal elas são encenações (im)perfeitas de uma vida astuciosa... Olho no espelho e não vejo nada. Talvez a insignificância do meu olhar pálido, sem destino e sem direcção.
Toco o espelho... procuro-me... o meu reflexo esconde a luz errante no desconhecido... O meu retrato é a negação do que sou agora. Já não moro em mim... Desencontrei-me! Sou sombra de resquícios magoados, sou alucinação de uma utopia. Procuro encontrar-me no interior do espelho, remir algum esplendor esquecido de outrora, mas as portas cerram-se em precipícios.
Deambulo entorpecida numa estrada sem fim, acompanhada por ninguém... persigo-me, esvaída do mundo.
Há na solidão, um abraço de silêncio, sons inaudíveis, gritos estrangulados... uma ausência intimamente silenciosa! Existem cascatas de silêncio, afluências de tormento, um clamor ensurdecedor que solfeja amargo na abóbada do meu pensamento.
Fanny