Não sei que coisa é esta, que me
deixa tão assim, quase sem reacção,
diria, se por um só momento sequer,
não estás a meu lado, cobrindo-me
de lindas palavras de amor, incentivo
de uma vida, numa conjugação,
entre homem, mulher e natureza.
Juntos, partindo do nada (que bem
te recordas), pegamos num pedacito
de terra abandonada, e, revolvendo
o solo, abriu-se para nós um belo
espaço. Sua cor tinha a cor do barro,
quando húmido, e, uma a uma, botamos
à terra, várias sementes, de flores únicas.
De esforço e dádivas extremas, cuidando
do solo e regando, apenas o quanto baste,
para não sufocar as inermes plantinhas,
fizemos nossos dias e noites, já com aquele
gozo de antecipação, de virmos a ver, nosso
jardim, começando a florir, feito de suor,
entrega e tão delicada generosidade.
O jardim hoje resplandece, a cada manhã,
no luzir do sol, entre a claridade dos azuis
do céu. E mal nossos olhos se dão, ao
fulgente clamor do dia, juntando-se-lhe
as fragrâncias, bem acentuadas, das flores,
abrem-se janelas, de par em par, e, não
há, quem se mostre indiferente, ante o belo.
Como um perfeito par de namorados, nossos
olhos transformam-se em lagos transparentes,
e de mãos dadas, sentamo-nos, observando
os cisnes, rosa e brancos, de vénias mil, se
cumprimentando. Tal não deixa de soltar em
nós, um franco sorriso, e, até o ar, que nos
rodeia e respiramos, é deveras bem mais puro.
Tomando caminho, directos à floresta, já ali,
quisemos estar mais de perto com a natureza.
E entre o restolho continuamos, passando por
enormes árvores, elevando-se bem acima do
céu, onde aves canoras, disputavam canções,
clamando, ao longe, suas parceiras, distantes,
e, nós, um ao outro, até ao abraço desejado.
Jorge Humberto
08/12/08