Era uma vez um poeta
Conhecedor e dominador
De todas as artes escritas.
Era o mais criativo,
O mais engenhoso
Nas suas artes mágicas.
Esse poeta ficou famoso
Pelas suas histórias
E contos de encantar,
Tudo saído do nada
E do nada ele fazia tudo.
Um dia, o poeta construiu
A história mais bela
E mais triste que já se viu.
Era magia em forma de leitura,
Vidas criadas por uma alma
Que se deixou levar pela criação.
Construiu com tal complexidade
E dedicação à sua arte
Que a história o engoliu,
Como espelho para uma dimensão
Poéticamente paralela.
E o poeta viu tanta desolação
Na sua própria criação,
Que ao se encontrar preso nela,
Sentiu o peso e a sentença
De não poder voltar atrás.
E sentando-se no seu recanto,
O poeta olhou para o céu e disse:
Antes de acabar com o meu sofrimento
Vou olhar pela última vez
Todas estas vidas que criei
E todos os que sofreram por minha culpa.
O poeta caiu inanimado,
E não foi pequeno o escândalo
Quando se descobriu
Que toda a herança
Ficou para os seus poemas,
Herdeiros directos e merecidos
Do grande poeta que uma vez viveu.
9 de Dezembro de 2008