Amanheceu lentamente
Um ar frio rasgava-me a face
As lágrimas corriam distraidamente
Pela face imóvel
Perante tal paz interior.
Olhava em volta
Para aquele lugar de magia antiga
Entranhada nas raízes da Terra,
Que naquele momento se apoderava de mim,
Me consumia em sons distantes
De violinos invisíveis
Que tocavam na minha alma.
A neve caiu sobre mim
Sobre todo o meu corpo petrificado
Que tremia com as Visões,
De mulheres que riam e corriam
Por entre as arvores,
Mulheres que erguiam as mãos a Lua
E a adoravam como a uma Deusa.
Imagens que me mostravam
Como a harmonia tinha pairado ali
Há tanto, tanto tempo atras.
Depois vislumbrei as trevas
Que se abatiam ali
A condenação de ter um útero,
A maldade inata em nós,
O veneno que nos condenaram.
Algo esmoreceu em mim
A revolta de ter sido assim,
Mas algo restou em mim
E em todas as que ainda sentem,
Nada morreu ali,
Apenas se tornou invisível e distante
Aos olhos de quem é cego
Aos coração que nada conhecem.
Hoje, o sol ilumina em conjunto com a Lua
O local onde eu já vivi
O local onde eu já morri.