Um dos seguranças do Senhor Presidente, telefona ao chefe de polícia, senhor Rui Caldas, relatando o ocorrido. O senhor Rui mais dois soldados, partem para a mansão do Barão. Ao chegarem percebem que um dos portões laterais da mansão encontrava-se entreaberto, seguem pela alameda principal da mansão até a porta principal. Lá, o pai da vítima já os aguardava.
O Barão mostrava-se muito abalado, tanto que foi para ele, dificultoso conversar com o policial naquele momento, pediu para o pai de Carmelita acompanhar e ajuda-lo no que fosse preciso, às investigações.
Ramiro, o rapaz que cortejava Isabel, foi quem o tio de moça, pediu para que o chefe de polícia primeiro falasse e explicou: Não que eu tenha alguma suspeição sobre o rapaz, mas, pelo fato dele, de todos na festa, ser quem passou maior tempo junto da minha sobrinha.
O senhor Rui, pede mais detalhes ao tio de Isabel, por sua vez, ele esclarece não poder dar muitas informações, pois estava no toielete, quando ouvira o disparo e logo a seguir os gritos de socorro, vindo dos jardins, ao reconhecer a voz de sua filha, foi para fora da casa, encontrando sua sobrinha, debruçada nos braços de sua filha Carmelita.
Lembra ainda que, na ocasião correu até a filha, pois, no seu vestido havia grande quantidade de sangue que o fez pensar, que ela também pudesse ter sido atingida.
O policial, pergunta se ele recordava quanto tempo levou até chegar a sua filha e se naquele momento, conseguiu ver alguém que ele pudesse identificar? Junto a minha filha, havia apenas um rapaz da família dos Guimarães, observei em mais distância outros casais namorando pelos jardins. Quanto ao tempo não posso precisar com exatidão, pois, o salão naquele momento estava repleto de convidados, imagino ter levado algo próximo de uns três minutos.
O senhor Rui Caldas, agradece a atenção e pede se ele poderia fazer a gentileza de apresentá-lo ao moço de quem lhe falou. Neste momento Ramiro, encontrava-se no saguão da mansão a conversar com outras pessoas participantes da festa. A festa é claro, transformou-se de imediato num ato fúnebre onde o espanto e a tristeza corriam entre olhares.
Ao se aproximar de Ramiro, o pai de Carmelita, o apresenta ao senhor Rui, havia no ar, certo medo no olhar das pessoas que ali estavam. O policial diz para Ramiro, que ele ficasse tranqüilo, apenas que se pudesse, gostaria de conversar com ele sobre Isabel. E foram os dois até uma das varandas da mansão.
Ramiro conta que já havia cortejado Isabel em uma outra ocasião numa dessas tantas festas acontecidas na cidade. Mas que, Isabel não havia se interessado por ele, por isso, resolveu no dia do seu aniversário, mostrar para a moça suas reais intenções e sentimentos.
Assim, ofereceu-lhe rosas, dançaram por um bom tempo, conversaram, riram, ela muito curiosa, queria saber da vida e das coisas da Inglaterra, lugar onde ele por conta dos estudos, teria passado os dois últimos anos.
Ramiro conta ainda que, a última vez que olhou para Isabel, ela esta dançando com seu pai, num dado momento a moça sobe as escadas da mansão e por lá, imagina ter ficado uns vinte minutos, quando então a vê novamente, desta vez, descendo as escadas de um modo apressado, passando por entre as pessoas no salão, se dirigindo aos jardins.
Ramiro a segue a fim de saber o que acontecera, quando então vê Isabel a procurar pela prima Carmelita ao se aproximar da prima, Ramiro ouve um único tiro, vindo por de trás de uma das árvores dos jardins. Percebendo Isabel caída e Carmelita gritando, corre até elas, mas, quando chega percebe que Isabel já estava sem vida, logo a seguir chega o pai de Carmelita, desesperado, preocupado com a filha.
O Chefe de polícia indaga dos soldados que o acompanhava se acharam algo que pudesse ajudar, um dos rapazes, comenta que ao averiguar o tal portão entreaberto, pode notar no chão, que uma pessoa possivelmente um homem, havia passado por ali, mas que, nada mais viram.
O policial inspeciona então, o local do crime já sem o corpo, pois, o Barão, já havia providenciado sua retirada, colocando a filha falecida em sua própria cama. Indo até o quarto de Isabel, o senhor Rui Caldas, encontra-se pela primeira vez com a vítima, vê as expressões angustiantes, vestido manchado de sangue ao se aproximar mais para averiguar melhor, percebe sangue numa das unhas da moça. Pede então para que o deixem a sós com o cadáver e assim, providenciou o pai de Isabel.
O policial olha todo o quarto não se apercebendo de nada, sai e entra em um outro quarto ao lado, percebe a cama de casal, com colcha e lençóis amassados, principalmente em um dos lados da cama. Olhou detalhadamente tudo até que encontrou um risco vermelho na beirada da cama, que bem poderia ser do mesmo sangue que encontrara numa das unhas de vítima.
Entendeu então que, o assassino de Isabel estivera naquele quarto e pela disposição dos lençóis e colcha amassados, algum tipo de luta provavelmente teria acontecido entre a vítima e o agressor.
Procura entre os presentes alguém que pudesse mostrar algum tipo de corte, arranhão, em fim, alguma lesão que pudesse fortalecer suas suspeitas. Conversou praticamente com todos que se encontravam na festa. Frustrado, sem descobrir alguma novidade, procurou então obter informações com a criadagem.
Uma delas havia lhe confessado, que ao perceber Isabel subir ao segundo andar da mansão bem no meio da festa, imaginou que ela tivesse marcado algum encontro proibido com o moço bonito, assim, subiu logo após a moça adentrar os aposentos de seus pais e se escondeu no toilete deixando a porta entreaberta de modo a perceber alguma coisa.
Minutos depois diz a criada, alguém subiu os degraus vagarosamente como se fosse usar o toilete, por sua vez, ela simulou uma limpeza de urgência, mas, a pessoa ao invés de dirigir-se ao toilete, foi direto ao aposento dos pais de Isabel.
Do toilete, pode escutar uma ou duas palavras em tom baixo, alguns ruídos estranhos, quando de súbito escuta Isabel descendo as escadas dizendo algo como “ vou contar.” A seguir uma voz de homem diz: Não faça isso! E desce também apressadamente. A serviçal conta ainda que, apesar de não poder ter visto a cena, pode ouvir bem a voz do tal homem, sabia ter ouvido aquela voz antes, mas, não conseguiu identifica-la.
O policial vai então até Carmelita que ainda se encontrava abalada, com tranqüilidade tenta conversa com ela. Sei que é muito difícil o que estas passando, perder a melhor amiga exatamente no dia da festa do seu aniversário, entretanto, muito importante se puder contar algo que possa ajudar-me. Por favor, diga-me: Isabel chegou falar alguma coisa quando se aproximou de você? Carmelita aos prantos, ainda consegue dizer sim, ela estava apavorada e disse-me que iria contar-me algo que seria a maior tragédia de sua vida. Senhor Rui Caldas pergunta novamente, essas foram as palavras dela? Ela queria contar-lhe a maior tragédia de sua vida? Sim, responde Carmelita.
O Chefe de polícia agradece a jovem, vai até o saguão chama o pai de Carmelita e diz pra ele ao pé do ouvido, já sei quem assassinou a jovem. Vamos até ao quarto dos pais dela que lhe mostrarei.
Sobem ao local que originou o crime e mostra ao tio de Isabel, o pequeno risco de sangue na beira da cama. Diz ter encontrado também, sangue em uma das unhas de sua sobrinha e que além da Isabel e o agressor, havia uma serviçal fazendo limpeza de emergência no toilete da casa no momento do crime. Verificou existir no primeiro piso, um outro pequeno banheiro, mas que, servia somente aos funcionários da casa.
Contou também que, o jovem Ramiro, viu Isabel subir e descer apressadamente depois de uns vinte minutos, indo aos jardins a procura de sua filha e por isso a seguiu. Ramiro relata que ouviu um tiro e viu Isabel caída sobre Carmelita, correu até elas e quando o senhor chegou desesperado a procura de um possível ferimento em sua filha, ele já estava no local do crime.
Por fim, Carmelita sua filha, disse-me que Isabel ao se aproximar dela, esboçou algo como contar-lhe algo que seria a maior tragédia de sua vida. Sua filha entendeu que fosse algo de horrível que tivesse acontecido à prima, mas na verdade, a vítima (Isabel), iria contar-lhe que, o senhor havia a molestado e isso seria sim, para Carmelita, a maior tragédia de sua vida.
O tio de Isabel estatelado, ainda ouviu do policial, gostaria que o senhor retirasse o fraque e a camisa, decerto encontraremos alguma lesão, algum arranhão provocado pela unha da sua sobrinha. Desce então as escadas, o chefe de polícia e tio de Isabel já com as mãos amarradas. O senhor Rui Caldas anuncia então para todos, a identidade do verdadeiro assassino.
A primeira parte da história, poderá ser lida em: (Presente de Aniversário).
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