Havia um sobretudo roto
e um corta-vento, um esconder
de um corpo em grades sem asas.
E um mastigar no ventre do vento,
a palavra alada.
(Que a liberdade, essa, estava algemada
em masmorra hedionda).
E haviam doridas vontades de elevar raízes,
de alongar as estradas de todas as tardes,
em liberdades …
E Abril chegou.
Antecipou nos cheiros as rosas de Maio,
sulcou de vermelho, os cravos das horas.
Erguidos. Altivos …
Enfeitaram canos de espingardas.
(Desnecessárias).
E dos pássaros-lábios, outrora cerrados,
brotaram líquidas palavras. Cânticos líricos…
E dos olhos, em emoção, milhões de lágrimas
sulcaram faces-margens, sem retenção...
Lavraram arados as ondas dos dias …
Semeadas agora, brotam urgentes,
sementes,
da Terra quente. Emergem em festa,
virgens florestas. Dádivas, ofertas …
Havia um sonho, na véspera do tempo …
Era dor … lamento …
Hoje é Liberdade,
aberta que está a porta da verdade!
***
E porque falar de Zeca Afonso é falar de Liberdade, deixo aqui o meu tributo em forma de poema. Escrevi-o num outro dia em comentários do Blog Ecos do Tempo...
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