De intensa geada, são os dias, a Norte
do meu país. De tal maneira, que
o frio se intensifica e dispersa, por
este nosso Portugal, mais acostumado,
a temperaturas amenas.
A chuva, que poderia amenizar um pouco,
assombroso frio, que a todos
castiga, sem olhar a quem, de tempos
a tempos, vem com seus ameaços e
chove por uns fúteis instantes,
que nem chega a molhar a terra, de tão
necessitada, que deve estar de água.
Raros são já os animais, que, antes,
vislumbrava, de minha janela, tela aberta
para o mundo.
Esquivos gatos desapareceram, e, até
os pássaros, que buscavam, na terra, o
que comer, saltitando de um para outro lado,
são meros espectros isolados, pela fome.
(Apenas os morcegos, enfrentam as gélidas
noites, esvoaçando pelos candeeiros).
Entanto triste se revela, as pobres criancinhas,
saindo pela manhã, em direcção à escola,
cabeças baixas e mãos nos bolsos, da bata
costumeira e padronizada,
resquício ofensivo, de um passado, inda recente.
Já ninguém vai trabalhar, levando caminho
a pé. Quem tem a sorte de ter um carro,
leva-o para o trabalho, os demais sujeitam-se,
esperando, no tremendo frio, pelos transportes públicos.
E, confidenciando-lhes, a vós, que me ledes,
dizer-vos, que não sei, como consegui escrever,
estes versos, que vos deixo, relatando
a actualidade de meu país, enquanto meus dedos
se iam fechando, à medida que escrevia,
parando para esfregar as mãos, umas nas outras.
Recolho meu material e acendo um tremendo cigarro!
Jorge Humberto
01/12/08