Que saudade este meu peito consome
Do tempo de minha infância que acabou
Hoje lembranças na minha mente some
Mas esta saudade, ainda em mim ficou
Lembro dos campos, aonde frutas buscava
A gabiroba, pitanga, jambo, caju, marmelo
Das lagoas onde as traíra e bagres, pescava
Via o voa alegre, e ligeiro do pequeno cuitelo
Jogava bola nos campos de terra, cheio de areia
Não tinha bola de couro, mas sim bola de meia
Brincava de salva, garrafão, pular carniça, pião
Passa anel, burica, empinava papagaio, no espigão
Jogava futebol de botão, malha, ia nadar no rio
Não tinha droga, tinha amizades, tinha alegria
Brincava, ia a escola de pé no chão, na manhã fria
Tomava quentão, para esquentar, quando tinha frio
Diversão não faltava, era o circo que chegava
Era o parque com roda gigante, trem fantasma
Era o seriado nas vesperais do cinema, que encantava
Não tinha bandidos, doença grave era para mim a asma
Hoje só resta lembrar e sorrir, pela felicidade
Que tive de viver noutros tempos, cheio de amor
E curtir, com alegria esta minha velha saudade
Cultiva-la na memoria, como se fosse uma flor
Pena que hoje, já nada disso possa um dia voltar
Pois o mundo tecnológico, é um mundo assim frio
Aonde não podemos voltar ao passado, ou criticar
Temos que viver assim, mesmo que seja no mundo vazio.....