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(de)canto

 
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(de)canto-te
em lágrimas albumes de saudades
(embrionário alimento)
futuros ausentes
nas metáforas com que palmilho o verbo
embriagada
em quartetos de cordas, antíteses de membros,
de labiais afectos, siderotecnias laborais
de braços e de pernas,
de corpos afixos ao silêncio das madrugadas.

(de)canto-me
solitária, enrodilhada em macros desactivadas
- ligações que não consinto e são-no, entre o hoje
o ontem e o amanhã das horas prematuramente retalhadas.

vindimo-me.
um quase nada, dependuro-me em teu ombro
morosa e ternamente.
conduzo-te as mãos, guio-te ao epicentro da lava
onde, sem pudor, sem medo,
planas capitais instintos…

… uma tela imperfeita,
um decalque de tintas nos tons cogentes de um sol,
de um sal, salsugem espessada
na maleabilidade de asas. envergadura d’asas territoriais
no cio das sombras e das águas…
-u(i)vas em bagos
em lábios e cálices esvaídos
do canto (em)canto que se não extingue em pipas rotas.

soltas o branco da paz em copo roto
mago
mago que me amas na alma se és parte inveterada de meu corpo.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/11/2008 14:53  Atualizado: 25/11/2008 14:53
 Re: (de)canto
sem exagerar nos adjectivos, espantoso poema...

Gostei imenso; Pura Poesia!

Abraço.

Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 25/11/2008 14:59  Atualizado: 25/11/2008 14:59
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: (de)canto
Um poema com a qualidade que já nos habituaste, com um toque de nostalgia e de pura sensualidade.
Lindíssimo Mel

Beijo grande