deixo que a tinta desta caneta
derrame os sentidos do meu sentir
sobre a nudez desta folha branca
que vagueia sobre o presente
memórias de um qualquer passado!
deixo seco o meu olhar
derramando no ar que me beija a pele
a nudez dos meus sentidos
que vagueiam em mim
memórias que vão e vêm, sem convite.
lanço, pousando sobre o rio que sobe
devagar sobre as minhas mãos
um breve papiro em forma de barco
que se dilui no esquecimento
e vagueia nos mares do meu sentir.
e desce, silenciosa
a lágrima do meu olhar,
na sombra do sorriso ausente,
que me afaga, sem consentimento,
e contorna o meu rosto.
‘fossem breves as lembranças
para que as noites fossem dormidas
no descanso do luar..
fossem apagadas as memórias
para que os dias tivessem sol
no descanso do meu olhar…
porque me beija a solidão?
e me abraça o silêncio de ti ausente?
agora que a tinta seca
e a lágrima se derrama
viajo no inconsciente
para te esquecer
ou não te lembrar…
mas aqui estás…
sempre com aquele sorriso
que me esgana, que me sufoca
em mim mesmo!
Bruno Ribeiro
PMS. 27.Ago.008