Se me amas amor,
Diz-me baixinho, sussurrado,
Não há amor no falar gritado,
Pois gritando ostentas ao mundo,
E para o mundo não calha razão.
Quero amor afinco, no fundo.
Quer seja de uma alma machucada,
Ou num sorriso tétrico rebentado.
Ainda que me seja peso, moribundo.
Se me amas, sorria um pouco menos
Pois tal estado patético me preocupa,
E para que não te escreva desamor, culpa
Contenha-se com sentimentos mais amenos.
Ainda que ser amena, se cautelar naquilo que vais dizer,
Lhe seja um tanto fado.
Se me amas, não ei de perguntar:
Ama mesmo? Isso para nada presta,
Já que não se resume amar em falas, conversa
Me ame, e nada há-de me preocupar.
Se me amas, fique, e se ficar me ame
Ainda que em mim não veja sorrir,
Espero que ame mesmo, antes, sempre,
Amar sempre, sem partir...
Antônio Logrado