SOMBRAS DA VERDADE CIBERNÉTICA
Juliana S. Valis
Pergunta-nos o tempo, olhando para o mundo:
Onde estarão a paz, a felicidade e a humana ética ?
Alguém sabe, ao certo, pensar no que é profundo ?
Ou vemos, lá no fundo, uma sombra cibernética
Da verdade que o amor, no sonho mais fecundo,
Procura muito além da realidade, além da aritmética?
E, sem resposta, o tempo procura o Bem, mais tarde,
Quando alguém suplica, em tristes devaneios,
Pela real justiça e pela paz que invade
Todo o sentimento que se vai, sem freios !
Mas quando o pensamento se vê no labirinto
De cores múltiplas, emoções estranhas,
Será que os corações sentem o caos faminto
De algum sentido, sem artimanhas ?
Pois enquanto vemos sombras tão tecnológicas
De um riso ou pranto, de uma emoção alheia,
Sentimos que a "razão" tem suas artes hipnóticas,
Mas o mundo é tão injusto que apenas incendeia
As maiores "verdades", com as piores lógicas;
E a harmonia, a realidade prende assim, inteira ou meia !
Ah, quem nos dera ter respostas para quase tudo,
Respostas verdadeiras e não meras suposições
Que ouvimos pela mídia, sem nenhum escudo,
Como um grito paradoxalmente mudo das televisões!
Quem nos dera, enfim, nessa era digital,
Sentir que não é virtual a desigualdade tão patética;
Enquanto o coração oscila, entre o bem e o mal,
Vemos que a alma não tem qualquer aritmética,
A alma se alimenta do amor, simples e final,
Mas ela não agüenta sombras da "verdade" cibernética.
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