A luz do dia ofusca-me os sentidos, esconde-me dentro de um corpo vestido. Sou mais um homem como outro qualquer, e tu, mulher, de vida corrida, tantas vezes esquecida do instante mágico da noite. Somos seres comuns, debaixo desta mesma luz. Vidas e quotidianos de azáfama, ruído imenso que as sensações abafa. Somos pessoas, gente que se perde na multidão, cheia de problemas, de motivos sem razão.
Depois, há um momento, um instante em que seguramos o tempo. Porta que abrimos ao vento, paraíso eterno onde adormecemos. A noite instala-se, com as suas sombras, neblinas mágicas que os corpos soltam. Nascemos libertos do fardo do dia, esquecemos as razões que nos arreliam, e, passeamos descalços por todo o Universo, saltando de estrela em estrela, como borboletas, de flor em flor, como golfinhos em mar aberto.
Aqui, neste preciso momento, sentimos o toque divino que nos afaga o rosto, como crianças embevecidas a olhar para o Pai, somos estrelas neste firmamento, pedaços de contentamento que rejubilam de felicidade, esquecendo todas as adversidades. Sente-se a paz que no peito resplandece, como luz que nesta noite nos ilumina, nos aquece, nos conforta, abraço terno alma caridosa.
Estamos em paz...