Nesses tempos que se vão aos ventos,
Somos sombras e cinzas ao chão,
Somos lágrimas em tantos pensamentos,
Homens profanos e sem compaixão.
Não acendemos velas ao nosso irmão,
Não abraçamos a gloriosa paz,
Não dividimos nosso farto pão,
E nosso coração o mundo assim desfaz.
Não respeitamos a vida,
A natureza e suas cores,
Não cultivamos bons frutos e flores,
Não nos lembramos nem de nossa partida.
Não cultuamos a Deus,
Não zelamos pelo nosso semelhante,
E só transportamos em nosso semblante,
Lágrimas em um último adeus.
Mas somos seres racionais,
Eu sempre ouço alguém dizer,
Somos os piores de todos os animais,
Fazemos o mal pelo próprio prazer.
Somos seres superiores,
Na inteligência e na criação,
Até perdermos o coração,
E nos tornarmos inferiores.
Nos transformamos em destruidores,
De nós mesmos e da terra,
E criamos tantas guerras,
Somos viventes e sofredores.
No mundo que a humanidade nos concedeu,
Estamos sobrevivendo a cada dia
Famintos por justiça, amor e alegria,
Pelo cruel destino que nos mereceu.
Rodrigo Cézar Limeira