Neste arame onde estendo meus sonhos
também penduro antigas canções
blues e jazz gotejam suas nota intermináveis
em poças sonoras na barriga da terra.
A calmaria desta tarde translúcida
desabrocha sossegadas prímulas sem perfume,
solenes em sua corola de cores
envoltas neste verde cálice de mudas vozes.
Pousando minha imaginação no rodapé do mundo
percebo um pouco de mim
ainda vestida de púrpura
ainda coberta de véus
ainda sentada numa paisagem que passou.
Silenciosamente derramo o que existe dentro de mim
meus sonhos, minha espera, minha música, meu olhar.
Outras paisagens virão, quem sabe?!
Tão distantes, tão verdes, tão minhas e tão suas...
Existirão assim, afastadas de mim?!
Quem sabe, além deste varal, destas músicas que ouço
possa existir um lugar para mim?...
Luciah Lopez