Olhamos o espelho da nossa existência e procuramos respostas, entramos nas veredas do passado onde desfilam recordações... procuramos os contornos do destino, imagens vindouras a desenharem-se no pensamento... A consciência de um passado vivido, trazido para a compreensão do presente, devolve-nos a chave de um portal que procuramos abrir... mergulhamos numa viagem de anos, décadas... perscrutamos viagens por mundos de alegria, de tristeza... abraçamos memórias, sorrisos, lágrimas... sentimos perfumes de alma que nos rescenderam o horizonte e nos moldaram a essência.
O pretérito perfeito só é saudável de conjugar para descodificar os ensinamentos estudados, para interpretarmos o nosso aperfeiçoamento anímico... Não devemos continuar a velejar em angústias e sofrimentos, pois poderemos afogar a nossa missão.
Também não importa o futuro em si ou o remate da viagem, mas sim as rotas do nosso trajecto existencial e a possibilidade de recolher tesouros de vida que engrandecem a nossa alma.
Não me preocupa agarrar a borboleta que rodopia na flor perfumada de um jardim, mas interessa-me apreciar a sua dança encantada e guardá-la nas gavetas memoráveis e preciosas do coração. De que me vale querer chegar ao pórtico das estrelas, se cá de baixo, elas irradiam um brilho esplêndido?
O importante da vida é o aqui e o agora... é este o momento certo. Embarquemos nele e continuemos a nossa navegação com os sentidos bem aprimorados. Captemos as melhores paisagens, as verdadeiras fotos interiores das nossas vidas... registo perfeito a inserir no álbum eterno da memória.
Fanny
Imagem de Rui Botelho